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domingo, 25 de setembro de 2016

Entre globalizar ou cultivar jabuticabas - Parte 1

Vou dizer o que penso! Tenho me omitido diante dos diversos disparates que têm sido postados na mídia e nas redes sociais sobre a educação no Brasil! Não, não tenho as soluções, mas, o que acredito, uma crença consolidada através dos meus 39 anos de trabalho em educação, é que não se pode pensar em qualidade sem uma visão do todo!
Não adianta fragmentar: vamos cuidar do Ensino Médio agora, quando a Educação Infantil e o Ensino Fundamental ainda não estão resolvidos. Se estivessem resolvidos, o Ensino Médio não seria problema!
Daí vem a reforma do Ensino Médio e as facções, corporativistas, ou não, político-partidárias, ou não, começam a se manifestar – sempre contra!
Ouvi de pessoas que considero pela sua inteligência e capacidade de análise que a Reforma do Ensino Médio alijará os jovens do seu corpo, da sua alma e do seu espírito ao tornar-se optativa as disciplinas de Educação Física, Arte e Filosofia!
Daí o que sinto é físico! Algo que me comprime o peito e me sufoca, então, tenho que libertar o meu grito para não adoecer...
O que penso passa pela crença de que a escolaridade dos nossos jovens está com 4 anos de atraso: no sexto ano encontramos ( não poucos) alunos com hipótese alfabética de crianças do 1o ano. No 1o médio, os conhecimentos dos alunos reportam ao esperado para o 6o ano.
Então, para esses jovens, oferece-se um Ensino Médio único, do Oiapoque ao Chuí, uma estratégia exclusivamente verde e amarela, como a jabuticaba! E o resultado são alunos desinteressados em aprender coisas para as quais não estão preparados e que conflitam com outras emergências: o que gostam e o que precisam. Jovem, no Brasil, vai precisar trabalhar cedo! Não dá para esperar a conclusão do ensino superior! Gostariam de aprender algo que lhes oportunizasse uma qualificação profissional, que os tirasse do destino marcado e que ainda assim, não lhes impusesse um limite nas suas aspirações de continuidade de estudos!
Dessa forma, em que pese os descompassos da escolaridade anterior, frutos de déficits estruturais de recursos físicos e humanos, sou a favor da reforma sim! Ou antes, sou a favor de mudanças, porque estas tiram as pessoas do seu status quo e as dirigem a novos rumos, que podem ser bons ou não, mas, são outros rumos.

Não se pode pensar em igualdade com equidade oferecendo um caminho único a todos e, nesse sentido, a reforma ganha pontos! 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Fazendo justiça a Thiago de Mello



Para os que virão


Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
Thiago de Mello



sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Literando, letrando, lendo, escrevendo ....

"Oh! Bendito o que semeia livros
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva que faz o mar!"

O nosso grande poeta dos escravos, Castro Alves, nesse poema, traduz o significado da leitura em minha vida!
Tive o privilégio de pertencer a uma geração em que o texto verbal e impresso era o maior recurso que tínhamos tanto para o estudo quanto para o lazer. 
Posso dizer que a leitura me criou! Sua influência em minha vida foi tal que, ao pensar em escrever este post, imediatamente me veio à lembrança esse poema que estava grafado na contra capa de um livro de gramática e ficou marcado indelevelmente em minha memória.
Os livros foram meus grandes companheiros desde a minha tenra infância! Creio que o primeiro livro que li, fora do contexto escolar, foi Pinóquio, no original de Collodi, traduzido é claro! Tinha lá meus oito anos! O livro era grande, grosso, com texto e gravuras em preto e branco! E eu o li, assim mesmo, sem maiores atrativos! O correspondente atual seria ler Saramago, em Ensaio sobre Cegueira, ou Guimarães Rosa, em Tutaméia!
Li Pinóquio e tantos outros que nem sei mais ...
Os livros me ninaram, me acordaram, me alimentaram e me ensinaram a sonhar, a projetar, a caminhar, a conhecer. Dessa forma, me criaram!

Por Cida Barros